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OPINIÃO: A educação básica

No Diário do último dia 9 de abril o professor Valdo Barcelos, da nossa UFSM, publicou um artigo em que propõe a criação de um Ministério da Educação Básica, tal a importância que esta primeira fase da preparação de nossas crianças para a vida em sociedade e aquisição de conhecimentos tem para o desenvolvimento de uma Nação. Inúmeros exemplos hão pelo mundo de países que implementaram um grande investimento na educação, mudando paradigmas e alcançando uma nova situação de desenvolvimento e grande progresso. Assim aconteceu com o Japão, Coréia do Sul, Noruega, Finlândia e muitos outros países onde o ensino passou a ser encarado como o investimento mais importante e os professores respeitados e valorizados de maneira nobre como devem ser. Na Alemanha, os professores alcançam os mais altos vencimentos nas carreiras de Estado, demonstrando a valorização de suas nobres funções.

Quando aqui no Brasil, nos primeiros 100 dias de um governo, já temos um  segundo  Ministro  da  Educação,  fica claro que ainda não existe uma diretriz no sentido de mudarmos os princípios que regem a educação, deixando uma sensação de desamparo para a melhoria de nossa situação de subdesenvolvimento. É notória a incapacidade do sistema atual de preparar os nossos jovens para as necessidades do mundo tecnológico real. Várias vezes já ouvimos que chegam às universidades sem os conhecimentos básicos que lhes permita uma formação científica adequada à modernidade. São chamados de analfabetos funcionais e constituem um estrato que levará um diploma debaixo do braço e uma incapacidade funcional para a expectativa de vida. É claro que essa não é a regra geral, mas o mais angustiante é vermos que as melhores cabeças, aquelas que se destacaram na vida acadêmica e, mercê de um esforço pessoal e circunstancial, conseguem uma formação primorosa, muitas vezes são cooptadas por países desenvolvidos, onde encontram oportunidades para exercitarem suas capacitações. Todo o custo financeiro de suas formações, que representa o esforço de um país em penúria econômica, vai ser aproveitado por nações que não investiram em sua formação, contribuindo somente nos cursos de pós-graduação e doutorado. 

No ensino médio a mesma situação se repete, talvez com maior inoperância. O plano geral consiste na preparação dos jovens para o vestibular. Com muito poucas exceções, a maioria das escolas de ensino médio não preparam para a vida econômica do nosso país. Na nossa UFSM temos exemplos edificantes do que deveria ser todo o nosso ensino médio: cursos profissionalizantes que preparem jovens para a vida e que, ao concluírem seus estudos, são disputados pelo mercado, ávido de mão de obra qualificada. Esse deveria ser o objetivo fundamental de nossa educação, pois não se pode esperar que o ensino superior seja o ideal supremo a ser alcançado pela maioria dos jovens. Existe uma parcela enorme que, não alcançando a universidade, fica pelo caminho, sem rumo e sem documento.

Finalizando, quero apresentar o professor Ken Robinson, britânico radicado nos EUA, autor do livro Escolas Criativas - A Revolução que está transformando a Educação, que diz taxativamente: "...nossos sistemas educacionais, com ênfase em avaliações e seguindo para padronizações, não facilitam a curiosidade, não cultivam a criatividade. " Ele propõe o estímulo à curiosidade, à compaixão, à colaboração e à inovação como linhas mestras do sistema de ensino básico que poderá levar a uma reforma fundamental, necessária para o progresso no mundo moderno. As nações que já fizeram essas mudanças são as que estão liderando e um dos exemplos mais ilustrativos é a pequena Israel, que já ultrapassou o Japão no "ranking" do desenvolvimento econômico.

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